Εnsaio sobre a cegueira política Pt.I

O pesado fardo da dependência mental do estado que a maior parte da população ainda possui, é um dos fatores que nos impedem de avançar rumo ao desenvolvimento pleno.

POLÍTICA

voxeterna

4/10/20253 min read

É impressionante como uma fatia enorme da sociedade — a maioria, diga-se de passagem — acredita em soluções mágicas, fáceis e instantâneas para os problemas. O pior é que essas soluções, via de regra, envolvem o Estado.

Como resolver o atraso educacional no Brasil? Políticas públicas.
Como resolver o problema do ensino superior? Políticas públicas.
E a saúde? Políticas públicas.
Violência? Políticas públicas.
Minorias? Políticas públicas.
Problema político? Políticas públicas.
E como resolver o problema das péssimas políticas públicas? Ora, com mais… políticas públicas.

Brincadeiras à parte, é chocante perceber que o brasileiro médio acredita, com absoluta convicção, que as soluções para todos os problemas do país — muitos deles causados por políticos — virão, como num passe de mágica, justamente pelas mãos desses mesmos políticos, através de políticas públicas.

Essa é uma ilusão antiga, e não faltam autores que já tenham dissecado essa mentalidade.
O tempo passa, e embora vejamos algum avanço com a difusão de ideias liberais no debate político e nos meios de comunicação, o padrão mental permanece: o Estado é visto como o salvador universal.

Mas é o mesmo Estado que desvia bilhões de reais ano após ano.
O mesmo que favorece empresários amigos do poder, sufocando a concorrência de um mercado livre e saudável.
O mesmo que atrasa obras públicas por dois, três ou mais anos, que estoura todos os orçamentos iniciais e entrega serviços de baixa qualidade — abrindo caminho para novas obras, que seguirão o mesmo ciclo vicioso.

É esse mesmo Estado que, mesmo diante de verdadeiros desastres em saúde pública, continua sendo enxergado como aquele que, de uma hora para outra, deixará de ser vicioso para se tornar virtuoso — e enfim resolver os problemas que ele próprio criou e alimentou por décadas.

A crença de que o Estado é o grande agente de transformação, e de que as pessoas devem sempre esperar, recorrer e depender dele, é, sem dúvida, um dos maiores entraves ao progresso do Brasil.

Se você ainda não entendeu o que acontece ao seu redor, espero que agora fique claro:
o Estado, especialmente o brasileiro, não está nem aí para você.

E não estou falando apenas do governo atual, que controla o Estado, em tese, até 2026. Governos vêm e vão. O Estado permanece.
E esse Estado que está aí — e que continuará aí depois deste governo — não está, nem nunca esteve, preocupado com você.

O Estado que diz se preocupar com as mortes no trânsito, por exemplo, e que implementa medidas estúpidas e ineficazes como a redução arbitrária de limites de velocidade, é o mesmo que sobretaxa a importação, a produção e até a comercialização de veículos mais seguros.

Sim, você é condenado a andar num carro popular, frágil, inseguro, difícil de operar, incapaz de reagir em situações extremas e de salvar sua vida — porque os políticos (sim, aqueles mesmos em quem você deposita suas esperanças) decidiram que você é um otário. E que o melhor para você é um carro ruim e absurdamente caro, em vez de um com freios ABS, direção hidráulica, airbags, controle de tração, e por aí vai.

Isso, sim, salva vidas. Isso, sim, seria efetivo.

Mas não: é muito mais conveniente limitar velocidades ou instalar radares para te multar — e te deixar ainda mais longe de comprar um carro decente para proteger você e sua família.

O mesmo Estado que diz se importar com a educação do país é o que, em vez de inverter a lógica atual e concentrar investimentos na educação básica — a única que de fato transforma o país no médio e longo prazo — prefere financiar o ensino superior.

Por quê? Porque o público do ensino superior já é adulto, já tem título de eleitor, já forma opinião e pode se sentir grato ao governo que lhe deu acesso à universidade — mesmo que a qualidade do ensino seja precária.

Se o Estado realmente quisesse transformar as condições da população brasileira, deixaria de pensar apenas no próximo ciclo eleitoral de 3 anos e meio, e passaria a olhar para dentro, reduzindo seu próprio tamanho e peso. Passaria a adotar medidas estruturantes, com visão de longo prazo.

Mas você sabe, amigo… você provavelmente não verá isso acontecer enquanto estiver vivo.

Então, não seria melhor parar de acreditar em Papai Noel, levantar da cadeira, assumir a responsabilidade pela sua vida e parar de depender ou demandar do Estado?

Eu entendo: muitas pessoas não estão em posição de fazer isso imediatamente — por pobreza extrema, dependência familiar ou limitações individuais reais. Mas é justamente por essas pessoas que você, que pode, deve abandonar a crença de que o Estado é quem deve tomar decisões por você.

É por elas que você deve rejeitar a ideia de que é o Estado que vai mudar a sociedade e desenvolver o país.

A partir do momento em que você entender isso — e em que milhares de outras pessoas também compreenderem — e passarem a tomar para si a responsabilidade e o poder de mudar suas próprias vidas (um poder que foi, ao longo dos anos, suprimido intelectualmente pelo próprio Estado), então, e somente então, começaremos a ver mudanças reais.