
Liberalismo X Neoliberalismo
Como a semântica foi instrumentalizada para confundir o debate público e marginalizar o pensamento liberal clássico.
CRÍTICA SOCIAL
Há um erro – muitas vezes deliberado – que confunde milhões de pessoas ao redor do mundo: a falsa equivalência entre liberalismo e neoliberalismo. Essa confusão não é apenas um equívoco semântico. Trata-se de uma arma ideológica utilizada para atacar as bases do pensamento liberal clássico e desacreditar os princípios da liberdade econômica.
O liberalismo verdadeiro, formulado por pensadores como Adam Smith, John Locke, Frédéric Bastiat, Friedrich Von Hayek e Ludwig Von Mises defende a soberania do indivíduo, a limitação do poder estatal, a liberdade de mercado e o direito de propriedade. É uma doutrina que se opõe à centralização do poder, à coerção institucionalizada e às tentativas do Estado de substituir as decisões livres dos cidadãos por comandos burocráticos.
Já o chamado neoliberalismo é um rótulo genérico e vazio, criado sobretudo por críticos da liberdade econômica para associá-la a crises, desigualdades e práticas corporativistas. O termo não foi cunhado por liberais, tampouco reconhecido como escola de pensamento por quem defende o livre mercado. Trata-se, na verdade, de um espantalho retórico.
O que se convencionou chamar de "neoliberalismo" nada mais é do que uma caricatura: um sistema no qual o Estado supostamente recua em áreas sociais, mas ao mesmo tempo mantém – e até expande – sua atuação para beneficiar grandes corporações, financiar bancos falidos, conceder subsídios seletivos e manipular mercados. Isso está mais próximo de um capitalismo de compadrio (crony capitalism), ou mesmo de práticas estatizantes da esquerda, do que de um genuíno liberalismo.
A contradição é evidente: como se pode chamar de "liberal" um modelo que preserva altos impostos, regula excessivamente a economia, impede a concorrência, cria reservas de mercado e favorece grupos organizados por meio do poder estatal? Isso é intervencionismo disfarçado, travestido de mercado livre. Um cavalo de Troia construído para desacreditar o liberalismo real, enquanto o Estado continua inchado, centralizador e manipulador.
Portanto, é essencial desfazer esse mal-entendido: o liberalismo autêntico não busca privilégios estatais para ninguém, não defende o poder das grandes corporações aliadas ao governo, nem compactua com o uso do Estado para manipular a sociedade. Ele é, acima de tudo, a defesa intransigente da liberdade individual e da responsabilidade pessoal, em oposição ao poder arbitrário – venha ele do governo, de corporações ou de ideologias coletivistas.
