Os latino-americanos salvarão o Ocidente

O povo hoje visto como underdog no hemisfério norte, em breve salvará o mundo 'desenvolvido'.

GEOPOLÍTICA

voxeterna

4/9/20256 min read

Eu sei, pode parecer estranho ler isso sem contexto, mas se você continuar comigo neste post, prometo que ao menos fará você repensar seus dogmas e pré-conceitos sobre um tema tão controverso.

É amplamente reconhecido que os latino-americanos — um grupo do qual faço parte, por ser italo-brasileiro — são frequentemente vistos como um “gens non grata” (ou, em tradução livre, um povo não bem-vindo) em muitas partes do mundo, especialmente nas nações desenvolvidas da América do Norte e da Europa.

Você provavelmente já ouviu falar de casos de xenofobia contra latino-americanos em países como os Estados Unidos, Portugal, França, Itália, entre outros destinos clássicos do Hemisfério Norte. Isso se reflete claramente nas políticas de imigração desses países, que têm se tornado cada vez mais restritivas.

Tomemos como exemplo a deportação em massa de brasileiros, mexicanos e outros latino-americanos nos Estados Unidos, que estavam ilegalmente em solo americano. Embora o fato de estar ilegal em qualquer país seja, de fato, uma aposta arriscada, a realidade é que muitos imigrantes assumem esse risco em busca de uma vida melhor. Mas o impacto dessas deportações vai além da questão moral. Como parte significativa da base da pirâmide operacional dos EUA é formada por imigrantes latino-americanos, as consequências econômicas dessa decisão são profundas e complexas.

Por outro lado, o recente decreto da Itália sobre a concessão de cidadania italiana é uma questão ainda mais delicada, especialmente se considerarmos o contexto atual demográfico, cultural e religioso do país. Historicamente católica, a Itália tem recebido um número crescente de refugiados e imigrantes nos últimos anos, com estimativas que indicam que o número de imigrantes regulares pode ser superior a 400 mil — um número certamente maior, dado o fluxo crescente de pessoas em busca de melhores condições de vida.

A maioria dos imigrantes que chegam à Itália vem de países como Marrocos, Albânia, Bangladesh, Paquistão, Senegal, Egito e Tunísia, sendo em sua maioria muçulmanos. O desafio da integração cultural e religiosa é imenso, especialmente porque muitos desses imigrantes seguem a Lei da Sharia, que tem se mostrado incompatível com os valores judaico-cristãos predominantes nas sociedades ocidentais. Isso tem gerado tensões sociais, além de uma crescente preocupação com a possível substituição demográfica, devido à maior taxa de fertilidade das populações muçulmanas em comparação com as populações nativas europeias e americanas.

O povo latino-americano, embora carregue traços típicos — como um temperamento geralmente mais intenso e expressivo do que o de europeus e norte-americanos — é, em sua essência, trabalhador, resiliente e extraordinariamente adaptável.

Somos povos com raízes culturais comuns, marcadas pela colonização ibérica, línguas de origem latina, forte influência cristã, laços familiares sólidos e um senso comunitário que resiste às adversidades históricas. Essa base compartilhada facilita a integração cultural e social, especialmente quando imigrantes latino-americanos se estabelecem em outras nações.

Mais do que integráveis, os latino-americanos demonstram, em diferentes contextos globais, elevada capacidade de contribuição produtiva, criatividade empreendedora, forte ética de trabalho e disposição para recomeçar — mesmo em cenários hostis.

Além disso, em comparação com os países desenvolvidos que costumam receber fluxos migratórios da América Latina, os latino-americanos apresentam índices de fertilidade mais elevados, o que, em tempos de envelhecimento populacional acelerado no Ocidente, representa um potencial demográfico estratégico e renovador.

Ignorar esse valor humano — produtivo, adaptável, criativo e em crescimento — é um erro de cálculo político, econômico e civilizacional.

O povo latino-americano não é um fardo.

É, na verdade, uma reserva de força, juventude, cultura e vontade de vencer que o mundo desenvolvido, imerso em estagnação moral e demográfica, não pode se dar ao luxo de desprezar.

Então, se olharmos para o contexto mais amplo do Ocidente, fica clara uma questão fundamental que tem sido negligenciada: entre aceitar um povo que, direta ou indiretamente, compartilha uma herança cultural e valores semelhantes aos seus — e que, no pior dos casos, traz consigo algumas peculiaridades como música de gosto duvidoso ou pequenos deslizes no comportamento urbano — ou aceitar um povo que, culturalmente distante, enfrenta sérias dificuldades de integração e que, por isso, gera tensão social e até violência, a escolha deveria ser clara.

Em termos de sobrevivência cultural, demográfica e até mesmo de convivência harmoniosa, seria mais sensato, ou ao menos mais inteligente, abraçar um povo irmão, cujos laços históricos e culturais – e muitas vezes sanguíneos, são inegáveis e indissociáveis. Essa é uma questão de identidade, de preservação e de entendimento mútuo — algo que a sociedade ocidental deveria valorizar mais do que simplesmente fechar as portas a quem, no fim das contas, tem mais em comum do que se imagina.

Concluo fazendo algumas ressalvas importantes:

A imigração, quando pensada sob a ótica da liberdade e da reciprocidade, é um dos pilares de uma sociedade aberta, criativa e próspera. No entanto, os eventos das últimas décadas, especialmente na Europa Ocidental, nos forçam a refletir sobre os limites e desafios desse fenômeno, particularmente quando se trata da imigração de grandes contingentes oriundos de contextos culturais, religiosos e morais profundamente distintos.

Não se trata aqui de rejeitar um povo ou uma religião. Tenho profundo respeito pela comunidade islâmica e reconheço que, em sua maioria, trata-se de pessoas pacíficas, trabalhadoras e devotadas à sua fé. No entanto, temos o dever de reconhecer que os valores culturais e religiosos que estruturam a vida muçulmana se contrapõem, em muitos aspectos fundamentais, às bases da civilização ocidental. Não é uma questão de superioridade, mas de incompatibilidade objetiva entre formas de vida.

O que se observa, de forma recorrente, é que a convivência entre muçulmanos e sociedades ocidentais tende a ser tranquila enquanto esses grupos são minoria. No entanto, uma vez que se tornam expressivos numericamente, o padrão frequentemente muda: surgem bairros segregados, práticas jurídicas baseadas na lei da sharia, recusa à integração cultural e tensões sociais crescentes. Isso não é uma opinião ou estereótipo: é um fenômeno empírico observado em várias nações da Europa, como Suécia, França, Alemanha e Dinamarca.

Como defensor de uma sociedade livre e baseada em contratos voluntários, assisto com preocupação a um movimento estatal de integração forçada sob a retórica da “diversidade”. O Estado benevolente europeu, sustentado por welfare states generosos, passou a receber centenas de milhares de imigrantes, muitos deles sem qualquer alinhamento com os valores morais, religiosos ou institucionais das nações que os acolhem. Muitos o fazem motivados unicamente por benefícios econômicos, e não por um desejo real de integração ou contribuição mútua.

Não é por acaso que, paralelamente ao aumento dos fluxos migratórios, viu-se um crescimento estatístico preocupante nos índices de criminalidade e violência sexual em regiões antes notáveis por sua segurança. É claro que correlação não é causalidade, mas é no mínimo desonesto recusar-se a investigar possíveis relações entre esses fenômenos.

Tampouco sou favorável a medidas autoritárias travestidas de soluções. A “direita” populista europeia tem adotado posturas que contradizem os princípios que dizem defender. O recente decreto contra a cidadania italiana, por exemplo, penaliza italo-brasileiros com base em discursos nacionalistas, sem enfrentar a raiz do problema: a política de fronteiras abertas e a falta de seleção qualitativa da imigração.

Acredito em uma política migratória baseada em reciprocidade. Povos que desejam se integrar, compartilhar valores, respeitar a lei local e contribuir com a cultura que os acolhe devem ser bem-vindos. Mas aqueles que rejeitam a cultura anfitriã e se isolam em comunidades paralelas, impondo suas normas à revelia da sociedade que os recebeu, devem ser desencorajados. Em casos extremos, deve-se considerar inclusive a retirada do direito de permanência.

Essa posição pode parecer dura à primeira vista, mas é apenas uma aplicação direta dos princípios da liberdade, da ordem espontânea e do respeito à soberania cultural. A civilização ocidental não se construiu por acaso. Ela é fruto de séculos de aperfeiçoamento institucional, filosófico e moral. Abandoná-la em nome de uma diversidade mal compreendida é colocar tudo isso em risco.

Não se trata de fechar as portas, mas de mantê-las abertas para quem deseja entrar com respeito, e não para quem pretende derrubar as paredes.

Fontes:
https://oglobo.globo.com/mundo/episodios-de-estupro-fazem-europa-criar-cursos-para-educar-refugiados-18532438
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/italia-suposto-estupro-coletivo-fortalece-narrativa-anti-imigracao-da-extrema-direita/
https://epoca.globo.com/ideias/noticia/2016/01/onda-de-ataques-mulheres-leva-merkel-rever-acolhimento-aos-refugiados.html
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-38234377